quarta-feira, 24 de março de 2010

Conversa de poetas em céu estrelado

Para Gustavo Schram


Falo-te em sonhos, murmuro versos
E me faço lembrança ao amanhecer.
Em pleno dia, sou sonho disperso
A desfazer-me em nada, a emudecer.

Minha voz se cala, perco a magia,
No decorrer do dia a agir
Mas volto a ser brisa e fantasia
Assim que a noite começa a cair.

Por isso, se vires no céu a brilhar
Uma estrela um tanto conhecida,
Com um brilho intenso a espraiar,
Derramando sonhos, dores incontidas

Segue-lhe o rastro, seu lamento escuta
Quando, em prata, segue para a luta
Devolvendo em lágrimas de chuva vertidas
Todos os rastros das batalhas perdidas.

E contar-te-ei em sonhos a sua saga
De lutas e derrotas, as poucas vitórias,
O contar será manso, como voz que afaga
Teu sono quieto com as muitas histórias.

E se teus versos os meus encontrarem
No firmamento, onde nunca irão fenecer,
Os belos diálogos que assim travarem
Serão os poemas que havemos de escrever.

Shirley Carreira

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