Nunca revisito um poema.
Ele lá fica, em estado puro,
Qual bebê nascituro.
Jamais, ainda que o possa,
O releio como um poeta.
Se bom, aplaudo com ardor,
Se mau, lamento-o, como leitor,
Mas jamais coloco um ponto
Que antes não existisse.
E este meu jeito, ou teimosia,
Meu modo de fazer poesia,
Ainda que insistente,
Desvia-se, inconsequente,
Daquilo que se crê ideal.
E minha inspiração, néscia,
Dá de ombros e ignora
Opinião alheia. Vai-se embora,
Deixando o poema que fiz
Inerte em sua matriz:
Sem revisão; à vontade;
Intacto, para a posteridade.
Shirley Carreira
LAURIE ANDERSON - LET X - ASSISTA !
Há 8 horas
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