sábado, 31 de outubro de 2009

Los ojos



Abrimos tanto los ojos al mundo

que perdemos los detalles del camino.

Mi camino son las sombras en tus ojos,

el abismo donde muere mi razon...

ellos hablam quando tú te callas.

No hablam en ningún idioma,

pero dicen entre sombras y sueños

lo que quieres en secreto.

Shirley Carreira

Saudade

Meus olhos, postos no infinito,
Desenham o contorno de uma falta,
Desvelam o vazio de uma ausência,
Delineiam, em transparência,
Teu nome, em nuvens e céu.

Meus lábios mudos e quietos
Suprimem palavras que jorram,
Sufocam o que no peito arde,
Selam-te, para sempre, no abismo
Sempiterno da saudade.


Shirley Carreira

domingo, 25 de outubro de 2009

Minha alma tem pressa

Há que prolongar o tempo que voa
E em suas asas fazer florescer os sonhos
E desejos de uma vida inteira;
Há que tornar verdadeiras
Promessas amareladas
No baú do esquecimento.
Há que fruir todos os beijos
Com o gosto do primeiro
E sucumbir ao calor de abraços
Há que verter carinho e alegria
Como se este fosse o último dia.
Há que falar de amor e deixá-lo nascer
Entre as pedras da indiferença.
Há que retornar sobre os próprios passos
Revisitar tudo o que se fez
E aprender com o retorno.
Há que ser criança outra vez.

Shirley Carreira
25/10/2009

terça-feira, 20 de outubro de 2009

Canção da espera

Para Álvaro Carreira Neto


Para meu filho ‘inda não nascido
Eu sonho tantas quimeras,
O universo do não vivido,
A mais eterna das primaveras.

Para esse anjo ‘inda adormecido
Sonho com um mundo de algodão,
Sem dores, sem choques, amortecido
Com o desvelo do meu coração.

Para essa frágil criaturinha
Por quem transbordo de carinho,
Ensaio contos da carochinha,
Baladas para cantar bem baixinho.

Por essa chama crescente
Que me consome e aquece
É que sempre elevo minha mente
A Deus, em silenciosa prece.

Shirley Carreira

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Inspiração

Cada verso que sangra, denso,
A minha alma translúcida
Tinge o tempo da escrita
Com as marcas da existência.

Cada palavra que surge, tensa,
Do meu pensamento volátil
Tange a corda da vida
Com harmonia impensada.

Cada poema que brota, súbito,
Das emoções em destempero
Torce com força e esmero
A minha mente absorta.

Tudo que traduzo em palavras,
Que em símbolos codifico,
Transborda a nebulosidade
Do que experimento e sinto.

Shirley Carreira

domingo, 11 de outubro de 2009

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sábado, 10 de outubro de 2009

Palavra exilada

Retornas imprevista
palavra exilada
de mim, do mundo, da alma das coisas.
Retornas carcomida
pelo medo dos homens,
triturada pelas dores
de antigos amantes.
Retornas névoa, sorrateira, dolorida,
com as marcas do tempo,
as pegadas da história.
És promessa, diálogo, registro.
És saudade, nostalgia, memória.


Shirley Carreira

Sofreguidão




Meus olhos te consomem

e a boca voraz

saboreia a espera.

Shirley Carreira

Divulgando a poesia alheia...

SE EU NÃO FOSSE...

Como não derramar
essa poesia
coagulada na retina
Se eu não fosse
essa escrita
não seria outra coisa
senão o silêncio
Um olhar alheio
pendurado num varal
Seria uma noite
tão noite, como
uma sombra densa
onde crestam os
pensamentos.

Marcos Oliveira

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Mutação

Sem recordações, sem tua imagem,
Sem as palavras a ecoar
No fundo das minhas lembranças
Eu me calo.
Sem os pequenos gestos,
Que te faziam grande
Ante os meus olhos de espanto
Eu me renego.
Sem o calor a assomar à pele,
Sem tua voz vibrando
Ousada em meus ouvidos
Eu me recolho.

A desconhecida que vejo
Na superfície do espelho
É lava petrificada,
Memória holográfica
Do vulcão cá dentro de mim.

Shirley Carreira

domingo, 4 de outubro de 2009

Poema para as vozes que se calam


Para Mercedes Sosa
04/10/2009

O tempo passa
E as vozes se calam;
Não mais sua música
Transborda aos ouvidos,
Mas fica a magia
Dos tempos idos;
Fica a saudade
Da limpidez cortante
Que retine na alma:
Sentimentos profundos.
Vão-se as vozes,
Mas fica a lembrança
A ecoar entre os mundos.

Shirley Carreira