segunda-feira, 21 de junho de 2010

Jornada


Move-se a mulher que sou
Pelas brumas
De seus próprios medos;
Segue inebriada
Pelos atalhos
Dos seus segredos.

Move-se sinuosa e canta
A melodia
De ânsias incontidas;
Segue esperançosa e só
Pelos meandros
Insuspeitos da vida.

Move-se na cadência
De passos
Certeiros, milimetrados;
Segue como se jamais
Os tivesse
Tantas vezes trilhado.

Shirley Carreira

sexta-feira, 18 de junho de 2010

A voz de Saramago se calou para sempre. Fica a lembrança.


Eu, ao lado do escritor, no congresso da AIL, em 1999.
Não mais o traço da tua pena,
Não mais a voz dissonante,
Não mais o desafio da escrita,
Mas para sempre a ousadia
Da arte que transgride a norma;
Para sempre os olhos que vêem
Além da mera imagem;
Para sempre a lucidez
Ante a cegueira do mundo.