quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Sou uma ilha...


Sou uma ilha:
absoluta, inexpugnável, perdida
em um mar de pensamentos infindo;
varrida pelo turbilhão de vontades,
enevoada pelos sonhos eternos,
oculta pela muralha de mim...
quem me vê não me sabe
e se desconfia
não me adivinha.

Shirley Carreira





quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

Sem palavras





















Não canto meu amor por ti em versos,
Deixo que o façam os gestos
Que te acolhem em silêncio.
Não te faço elegias, nem canções:
No toque do meu corpo no teu
Há sinfonias em turbilhões.
Não necessito de palavras
Neste diálogo de olhares.
Aquilo que a língua lavra
Na seara dos sentidos
É tudo o que calo
E, ainda assim, falo,
em sussurros traduzido.

Shirley Carreira

domingo, 14 de outubro de 2012





O que guarda o coração
De uma mulher que sonha?
Que pensamentos a sua mente abriga?
Quantas paisagens, rostos e trajetos
em sua história não contada?
Quanto de luz e quanto de sombra?
Quanto de calma e temperança?
Quanto de desejo e esperança?
Quanto de amor e quanto de afeto?
 A mulher que sonha é um mar profundo
E vive de seus abismos.

Olhares


















Teus olhos e os meus
Dialogam em silêncio;
Tudo o que calamos
Neles transborda.
A música que emana
Do meu seio
E encontra o vazio
Da tua sede.
O ardor da pele
Que me abriga
E o ímpeto
Dos gestos
Que te consomem.
Meus olhos e os teus...
Mulher e homem,
A reproduzir de novo
A dança do universo.

Shirley Carreira

terça-feira, 2 de outubro de 2012

Lampejo



Quando o desejo
Dos teus olhos jorra
E risca minha pele,
E incendeia
Minha vontade,
Prende-me na teia;
E anseio pelo que nego
Enunciando pela metade
O que o siso cerceia,
O que o silêncio omite
E a palavra volteia.

Shirley Carreira

quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Encontro




Na curva mais aguda
Desta rua
Meu eu
Saltitante
Encontra o teu
E dançam sob o céu estrelado
de gotas de orvalho salpicados,
salgados do suor
que à língua escorre
sobre a pele nua.
Segredos da carne,
Da rua e da lua.

Shirley Carreira

sábado, 7 de julho de 2012

Necessidade


Necessito do silêncio
As palavras inúteis me agridem
As tolas me aborrecem
As agressivas  me espantam
As desnecessárias me entediam
As injustas me revoltam.
Necessito da quietude
Daqueles olhares entrecruzados
Que compreendem o mundo—
Repleto de signos—
E dialogam sem que nada
Necessite ser traduzido
Em palavras.

Shirley Carreira

O silêncio


Por que me calo
Quando dentro
D’alma grito?
Porque calando
Meus olhos elevam
Ao cubo
O não dito.

Shirley Carreira

domingo, 1 de abril de 2012

Criador e criatura

O poeta que me criou

Fez-me assim, crente

De que o impossível

É inexistente,

De que o medo

É fruto da mente

De quem não tem

Imaginação.

O poeta que me criou

Fez-me assim, sedenta

De tudo o que desconheço,

Assim, sequiosa

De gestos, palavras, sonhos,

De sentimentos em profusão.

O poeta que me criou

Não me fez para a solidão.

Fez-me, sim, para as noites mornas,

Com luar e muitas estrelas

A embalar-me com brilho sem fim.

Fez-me para a existência alegre

Em meio à beleza infinita

Do mundo que criou para mim.

Shirley Carreira

Silêncio

O meu silêncio

Assemelha-se

A profundos abismos

Às vastas e desertas

Planícies da alma

Ensimesmada e quieta.

Silêncio, lacuna, entremeio,

Buraco na tessitura da fala,

Na vastidão do que se cala

Pela impropriedade

Do dizer.

O meu silêncio

É recolhimento

Do eu dentro

Do ser.

Shirley Carreira

sábado, 3 de março de 2012

Esta manhã

Escolhi esta manhã
Para sonhar de olhos abertos
Corredeiras de instantes
Que saltam como peixes
Vida abaixo.
Escolhi a meia sombra
Deste dia meio sonho
Para um diálogo inaudível
Com o meu eu invisível.
Escolhi esta manhã
Para acolher pensamentos
Que amanheceram fúlgidos
Nos labirintos da mente
E todos os anseios
Ocultos em meus recintos.

Shirley Carreira

As palavras e as coisas

As palavras não são incertas
Incerto é o mundo
Que habitam;
Insidiosas as línguas
Em que transitam.
Nebulosas são as paragens
Em que as palavras,
Qual sombra
Que antecede o corpo,
Pesam mais
Que a s próprias coisas
Que descrevem.

Shirley Carreira

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Memória e identidade: ensaios


Lançamento em breve!

domingo, 5 de fevereiro de 2012

Call for papers/ Chamada para publicação


A revista e-scrita, da UNIABEU, Brasil, receberá,até o dia 15 de março, submissões para o v. 3, número 1 (janeiro-abril de2012), que consistirá em um dossiê, cujo tema é "Literatura contemporânea de autoria feminina", resenhas e artigos para as seções: Estudos Literários, Ensino-aprendizagem, Estudos Linguísticos e Estudos Culturais.
Os textos podem ser em português, inglês, espanhol ou italiano. As submissões devem ser feitas online.
Esta revista está indexada em QUALIS?CAPES, LATINDEX, ULRICH'S, JOURNALSEEK , MLA, ACADEMIC JOURNALS DATABASE , SCIENCEGATE , SUMÁRIOS.ORG-PERIÓDICOS, NEWJOUR, WZB (Wissenschatft Zentrum Berlin für Sozialforschung), EZB (Elektronische Zeitschriftenbibliothek), Portal de Periódicos CAPES e DOAJ.
As diretrizes para a submissão encontram-se no link:
http://www.uniabeu.edu.br/publica/index.php/RE/about/submissions#authorGuidelines